terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Eu vou fazer um leilão...

Na semana passada aconteceu o leilão da hidrelétrica de Santo Antônio, no Rio Madeira, vencido por um consórcio de empresas liderado pela empreiteira Norberto Odebrecht, uma das maiores do país. O consórcio é formado pela Odebrecht, Andrade Gutierrez, Furnas, Cemig e pelo Banco Santander e recebeu a concessão de construir e operar a usina. A Andrade Gutierrez está na lista das três maiores empreiteiras do Brasil. O Santander é um dos três maiores bancos privados do país.
Há duas coisas 'engraçadas' neste leilão. A primeira é a própria existência dele, uma vez que o Lula criticava a privatização de empresas na época de FHC – e hoje diz: “Se Deus quiser, não pararemos mais de ter leilões”. A outra é que o grupo venceu o leilão oferecendo um preço baixíssimo- R$78,97 por MWh, sendo que, há um mês atrás, o governo disse que vender energia por um preço menor que R$116 era inviável.
Ainda é uma incógnita o plano do grupo para obter uma margem de lucro. Especialistas acreditam que haverá um aumento (drástico) no preço da energia no chamado mercado livre – que é onde empresas que consomem muita energia, como siderúrgicas e metalúrgicas, compram cotas de energia a preços menores. Com o aumento do preço neste mercado – a energia passaria a custar entre R$150 e R$180 – os preços dos produtos também aumentariam, as vendas provavelmente cairiam e a população não seria beneficiada. Mais ainda: a construção desta nova usina não resolveria os graves problemas hidrelétricos do país.
Outro ponto negativo dessa negociação é o impacto ambiental que a hidrelétrica causaria. Grupos ambientalistas nacionais e internacionais acreditam que a construção da usina degradará terras indígenas e a Floresta Amazônica. A reforma das usinas já existentes, como a troca de geradores, resultaria em maior produção de energia do que a construção de usinas no Rio Madeira. Os ambientalistas fizeram um protesto na hora do leilão, tentando impedi-lo, mas foram reprimidos violentamente pela Polícia Militar.
Daí fica a pergunta: qual será o futuro do setor energético do país?
Por Caio Dib